10 fevereiro 2008
Jogos de Poder
O Ministério da Saúde apresentou uma proposta de protocolo à autarquia que previa o encerramento da urgência do Hospital José Luciano de Castro e o reforço de vários outros serviços, que foi recusada pelo presidente, Litério Marques.
Em declarações ao programa Dois dedos de conversa que hoje puderam ser ouvidas na Rádio Regional do Centro mas que já estavam previamente disponíveis na página da Internet daquele órgão de comunicação social, Litério Marques revelou: «Sugeriram-me que arranjasse um motivo para voltar com a palavra atrás, podendo contar com a ajuda da força política opositora na autarquia (PS)».
O autarca social-democrata esclareceu que foi o presidente da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC), João Pedro Pimentel, que, durante a fase de negociação do protocolo, lhe disse que "se houvesse necessidade, ele próprio falaria com a outra parte (vereadores do PS)" no sentido de lhe darem apoio à assinatura do protocolo.
«Ele disse-me 'está tudo nas suas mãos, o PS não fará qualquer ruído, não desencadeará qualquer ataque'. Eles (socialistas) já tinham um compromisso comigo no sentido de me darem apoio no pressuposto do não encerramento das urgências» , contou Litério Marques, aludindo às posições tomadas por unanimidade nos órgãos municipais.
Segundo Litério Marques, a responsabilidade seria sempre sua, até porque «não havia nenhum papel escrito» a dizer que os socialistas concordavam com a assinatura do protocolo.
O autarca disse estranhar que, tratando-se de um problema de saúde, tivesse havido a preocupação de o documento ter a sua assinatura.
«Queriam que tivesse a nossa conivência. Não a têm, nem nunca a terão» , frisou, garantindo que a sua única preocupação é que o hospital tenha «condições que venham a satisfazer a população da Anadia e da região».
Na sua opinião, nunca houve «negociações a sério» entre a ARSC e a autarquia para alteração dos termos do protocolo.
O gabinete de imprensa da ARS emitiu um «total desmentido» às afirmações do autarca.
O gabinete garante que, durante as conversações com Litério Marques «no âmbito do processo tendente à celebração de um protocolo de cooperação com a autarquia com vista à requalificação do hospital local», João Pedro Pimentel «foi sempre cordial e correcto, tendo pautado a sua conduta por critérios de rigor e de verdade».
«Durante o processo negocial do protocolo, João Pedro Pimentel manteve Litério Marques sempre informado, nunca tendo encetado qualquer iniciativa própria sem o prévio conhecimento do autarca» , assegura.
Segundo o gabinete de imprensa da ARSC, João Pedro Pimentel apenas «manifestou a sua inteira disponibilidade para um encontro com os vereadores do executivo no sentido de explicar a mudança pretendida, o que nunca veio a acontecer».
Litério Marques já tinha convidado a nova ministra da Saúde, Ana Jorge, a deslocar-se a Anadia para conhecer o hospital e as razões que têm levado a autarquia a estar contra o fecho das urgências do hospital.
O autarca disse ter enviado quinta-feira um fax ao gabinete da ministra a dizer que, «se houver dificuldades em fazer essa visita», poderá ele próprio deslocar-se a Lisboa.
Nota: A saúde publica não é mal necessário para que escroques deste calibre continuem a receber vencimento pago pelos utilizadores do Serviço Nacional de Saúde. Uma advertência: pense duas vezes antes de adoecer.
Saudações Paulenses
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