Procissão dos Penitentes - Paul (Covilhã)
Um Grande Carnaval !!!!!!!
A mão dos escravos (as plumas, as cores) sente-se não só no Carnaval do Rio de Janeiro, mas também no de Trindade e Tobago e até de Nova Orleães. Só muda o ritmo da música. Do samba ao calipso e ao jazz. As festas têm o seu ponto alto na terça-feira, mas nas cidades em que o Carnaval é uma tradição já começaram há vários dias.
Não se conhece muito bem a origem do Carnaval, mas diz-se que já os romanos gostavam de usar disfarces nas festas em honra do deus Saturno, em que cidadãos e escravos trocavam de posição. Com o fim do paganismo, a festa foi adoptada pelos católicos (século IV) e adiada de Novembro para os dias antes da Quaresma.
A palavra "Carnaval" vem de "carni vale", para dizer que ainda era possível comer carne. Na tradição cristã, durante a Quaresma - período de 40 dias que antecede a Páscoa - não se deve comer carne. A época do Carnaval representava assim os últimos dias de "liberdade", em que tudo era permitido.
A festa espalhou-se por todo o mundo, adaptando-se às tradições de diferentes locais. Assim, em Veneza, há referências ao uso de máscaras no dia-a-dia desde o século XIII, de forma a que as pessoas evitassem ser reconhecidas. No século XVIII foi proibido o seu uso a não ser durante o Carnaval.
70.000 VISITANTES "Justificação"
A QUEM SE SENTIU LESADO OU OFENDIDO, AS MINHAS MAIS SINCERAS DESCULPAS.
Assim sendo as Senhoras ofereço... e aos Cavalheiros tiro o... .
BEM HAJAM PELA VOSSA VISITA E ASSIDUIDADE.
PAULENSES
Caro amigo tenho consultado o seu excelente blog que me traz as novidades da terra dos "parifanos e das reboladas" com um critério de actualidade digno de registo.
Popular Tails of Paúl
Jorge Gouveia
Paúl - Covilhã, contos populares, tradição oral
Nota: Obrigado pela informação, parabéns pelo trabalho. Que sirva de exemplo
Casa do Povo do Paul

Para o novo ano, a casa do povo do Paul tem em estudo o lançamento de um livro “sobre uma pessoa que apesar de não ser natural viveu a sua vida no Paul, o pai Rocha, e queremos editar o livro que estamos a trabalhar sobre o Paul antigo e as tradições dos seus habitantes.”
Para além deste projecto de montra que a instituição que levar a cabo até ao final do ano, a casa do povo do Paul vai continuar com as iniciativas que têm sido apostas ganhas nos últimos anos: “vamos continua com mas iniciativas da quaresma com tudo o rigor que nos merece, vamos apostar mais uma vez, nos sons da terra e claro na Santa Bebiana”, refere Leonor Narciso que confirmou à RCB que a associação vai , mais uma vez, marcar presença no estrangeiro para festivais de folclore.
Roubado Aqui. Aconselho a leitura ainda Aqui
Santa Bebiana no Paul
Santa Bebiana – Padroeira do Vinho e dos Bebedores
Nos dias 29 e 30 de Novembro de 2008, a vila do Paul viaja no tempo e as suas ruas centrais irão transformar-se num palco privilegiado de bailias e folias, mercadores, artesãos, cuspidores de fogo, tocadores de gaitas de foles e pífaros acompanhados pela percussão, entre outros instrumentos e protagonistas do programa da Santa Bebiana – 2008 / Arraial à moda antiga.
SANTA BEBIANA
Na verdade, pouco se conhece da história da Santa Bebiana nesta vila, resultante de não existir um grande saber popular desta profanidade.
Infere-se que, é a padroeira do vinho, outrora festejada por pastores e agricultores, durante o mês de Dezembro.
Conseguiu-se recuperar este registo há três anos, sendo cedido pela esposa do falecido pastor/pregador na festa de Santa Bebiana, sendo durante muitos e muitos anos, o responsável pela realização deste costume que acabou por perder-se após a sua morte.
Atendendo que esta tradição já fazia parte dos costumes deste povo, principalmente dos homens, a Casa do Povo do Paul tentou junto das famílias e restantes idosos recuperar todo o material escrito. Chegamos à conclusão, por todo um conjunto de situações inerentes a esta festa, que tudo tinha a ver com o sistema de confrarias, onde as mulheres eram proibidas de integrar a procissão e a festa dos comes e bebes.
Conseguimos há três anos repor esta referência cultural da vila depois de um longo interregno, visando por um lado recuperar esta tradição e por outro, incutir nos mais jovens a problemática do consumo excessivo de álcool.
PROCISSÃO DE SANTA BEBIANA
A procissão de Santa Bebiana percorre as ruas da Vila do Paul até ao Largo da Praça. Os participantes vão munidos de copo e archote dando vivas à Santa. No meio, o andor com Santa Bebiana, o andor com o pipo e, mais atrás, um burro puxa uma carroça com um pipo que dá de beber a quem tiver sede.
Para além de todo o povo poder integrar a procissão, convidámos alguns artesãos da comunidade a exporem os seus trabalhos, de forma a se projectarem no mercado do trabalho, sendo que, o sermão do pregador foca de uma forma irónica, o abuso do álcool na vida social.
Pretendemos este ano consolidar o evento, continuando a apostar na abertura das tasquinhas, onde o artesanato, a comida e a bebida, não falta. Haverá grande representação teatral à volta da temática e grande animação musical nos dias da festa.
O programa detalhado da festa será divulgado brevemente.
* A organização dá aos visitantes a possibilidade de pernoitarem gratuitamente no pavilhão da Escola. Apesar do pavilhão ter aquecimento aconselham-se agasalhos.
Para mais esclarecimentos:
CASA DO POVO DO PAUL: Telef.: 275 961 161
Aqu' Alma no Largo da Praça
Penitentes...
Todos sofremos.
O mesmo ferro oculto
Nos rasga e nos estilhaça a carne exposta.
O mesmo sal nos queima os olhos vivos.
Em todos dorme
A humanidade que nos foi imposta.
Onde nos encontramos, divergimos.
É por sermos iguais que nos esquecemos
Que foi do mesmo sangue,
Que foi do mesmo ventre que surgimos.
Ary dos Santos
Procissão dos Penitentes
Os sacerdotes de austera vida
Vão contentes e muito enfeitados
Sob as cinzas dos Sacrificados..."
Fausto Bordalo Dias
Não se sabendo ao certo de onde remonta a sua origem, a Procissão dos Penitentes é, no Paul, uma prezada tradição, que se realiza anualmente, numa das sexta-feiras da Quaresma. E se, para muitos, a curiosidade passa por ir "espreitar" a manifestação, para mim, leva-me a pesquisar as sua história.
O cortejo é composto por homens da Vila, envoltos em lençóis brancos, com uma coroa de silvas entrelaçadas na cabeça e descalços. Cada homem leva um instrumento (candeias, crucifixo, cruz, escada, varas, cesto com pregos, martelo, látego, relha e vassoura de giestas) e caminha em silêncio. Cada instrumento tem uma simbologia e utilidade própria. Por exemplo, as varas serviam para afugentar os curiosos e destabilizadores; o Penitente que arrasta a relha atada à perna direita representa o pecador que arrasta consigo os seus pecados; o Penitente que "apanha os passos", seguído por aquele que leva a vassoura, com a qual varre os pecados das costas do seu antecessor, representam a purificação.
À meia noite, apagam-se as luzes da Vila e inicia a procissão junto ao adro da Igreja, seguindo pela Rua de cima, passando pela Capela do Espírito Santo, pela Rua da Lameira, pelo Largo da Praça, regressando ao Adro da Igreja, enquanto se ouve o arrastar da relha nas pedras da calçada e o chocalhar da cesta de pregos. De quando em quando, a procissão pára e os "Regradores" cantam num tom funéreo:
Pelos tormentos que passasteis na Cruz,
Tende misericórdia das Almas!"
E, em voz grave, com o mesmo tom soturno, os Penitentes respondem secamente em unissono:
Açoita-se três vezes o Penitente com látego, que leva uma pele de ovelha no ombro, e segue a procissão.
Tudo isto, hoje, não passa de uma representação, ainda que com toda a sua simbologia. Mas quais as origens de tal manifestação?
Na Idade Média, as penitências e romarias religiosas começaram a ganhar peso, sob a influência da Igreja Católica, que incentivava os fiéis para tais práticas, no intuito de purificar a alma dos pecados. Aproveitando a oportunidade de purificação, os homens auto-flagelar-se-iam na Procissão dos Penitentes, na ânsia de reproduzir e sentir o sofrimento de Cristo.
No entanto, a auto-flagelação é um acto pagão, tendo sido sempre condenada pela Igreja Católica e, por isso, a Procissão dos Penitentes terá provavelmente origem pagã. A ausência de pároco na formação da procissão também poderá demonstrar esta hipótese. Deste modo, há quem acredite que a cerimónia poderia servir de prece dirigida a Deus nos tempos de Peste Negra, julgando-se ser este um castigo dos Céus. Há também quem fale em leprosos e tuberculosos refugiados nos montes da nossa região, que só desciam em procissão à Vila, envoltos em lençóis brancos, quando a população já descansava, procurando o perdão de Deus pelos pecados que teriam cometido, dando origem à doença. A "relha" (ferro do arado) que um dos homens arrasta pelas pedras da calçada serviria para avisar a chegada dos Penitentes.
De qualquer modo, numa mistura de fé e arrebatamento, de transcendência e misticismo, a Procissão dos Penitentes é uma cerimónia trágica e impressionante, que chega, segundo alguns, a "arrepiar a espinha", que se irá manter, com toda a certeza, nas tradições do Paul, por várias décadas!
As armas do meu adufe
As armas do meu adufe
São de pau de laranjeira
Quem quiser tocar com ele
Tem de ter a mão ligeira
Quem quiser tocar com ele
Tem de ter a mão ligeira
As armas do meu adufe
São de pau de laranjeira
O rosmanhinhal se queixa
De não ter moças formosas
Subam lá acima ao Paul (Idanha)
Que até as silvas dão rosa
Subam lá acima ao Paul (Idanha)
Que até as silvas dão rosas
O rosmanhinhal se queixa
De não ter moças formosas
Porque a música é mais uma das tradições que nos identificam e nos completam como seres, não queremos deixá-la cair no esquecimento nem erradicá-la das nossas raízes. Por isso e, a partir de agora, iremos divulgar músicas populares beirãs, na medida em que nos seja possível.
Nas incontáveis buscas pelo ribeiro cibernético, procuramos encontrar trechos ou reproduções completas de cantigas populares da Beira, acompanhadas da respectiva letra para que todos as possamos trautear. No entanto, as recolhas etnomusicológicas são escassas e, por outro lado, não contêm um reportório muito alargado da nossa região.
Por isso, e para a divulgação da nossa música tradicional (um bem que a todos diz respeito), a vossa ajuda é imprescindível! Se tiverem em vossa posse gravações em formato digital, letras, partituras e outros que queiram partilhar connosco e com os muitos visitantes deste blog, podem encaminhar para o seguinte e-mail:
A ajuda dos grupos etnográficos do Paul e da região também será muito bem recebida e, se esse for o caso, o nome do grupo que terá cedido o material para este novo desafio será devidamente divulgado.
Bem-haja e viva a Música Tradicional Portuguesa e a Vila do Paul!
Saudações Paulenses
Lavadeira
A Matança do Porco (II) - O acto e o convívio
O mais tardar pelas Janeiras,
Assim faziam o bom enchido
O belo chouriço das Beiras"
In: Vicente, António dos Santos, Vida e Tradições nas Aldeias Serranas da Beira.
(Continuação)
Depois de criado desde pequeno com o que a terra dava, ao longo de vários meses, finalmente era chegado o dia da Matança do Porco. Reunidos os convidados (geralmente familiares) e adiantados os preparativos, logo pela manhã, um dos homens entrava dentro do curral, amarrava o porco, puxava-lo para fora, com a ajuda dos restantes membros masculinos, e colocava o animal, sob o flanco, em cima de um banco de quatro pernas ou de um carro de bois. Com o animal assim imobilizado, um dos homens, geralmente aquele que tinha mais experiência (chamado "sangrador"), enterrava-lhe a sangradeira no tórax, dirigida ao coração. À espera, já se encontrava um alguidar com sal e um pouco de vinho tinto ou vinagre, que iria recolher o "licor de vida" do animal - o sangue, que seria, depois, mexido com uma colher de pau, evitando assim que coalhasse.
Ainda deitado, o porco era então chamuscado, com a ajuda de pequenos molhos incandescentes de carqueja, tojos ou giestas (hoje substituídos pelas chamas do maçarico), lavado com água (fria ou quente) e raspado com carquejas ou escovas, até que a pele ficasse branca. Posteriormente, o animal era colocado de costas no banco e fazia-se uma incisão no abdómen e no tórax para retirar as vísceras. Tiravam-se as tripas para um tabuleiro e as mulheres, separando-las umas das outras, procediam ao desmanchar (separação dos intestinos do mesentério) e à extracção da gordura. Despejada a bexiga do animal, limpava-se e enchia-se com ar, de modo a formar uma bola, com a qual as crianças brincavam e jogavam futebol. O coração, o fígado, os rins e alguns pedaços da barriga eram aproveitados para o almoço da matança - a buchada.
Na cozinha, as mulheres iam preparando a ementa que compunha o repasto: caldo verde, grão com carnes de porco, favas com chouriço, feijão, sarrabulho (guisado de sangue de porco com vinho tinto, alho, louro, fígado e pedaços de carne gorda ou magra) com batata cozida.
Terminada esta primeira fase, pendurava-se o porco numa trave do sobrado de um local fresco, através do chambaril (pau curvo que se enfiava nos tendões dos membros inferiores). Geralmente, esperava-se que a carne secasse e arrefecesse, de modo a que o talhe fosse mais fácil, e procedia-se, no dia seguinte, ao desmanche.
Seguia-se então para a mesa, onde o convívio sócio-familiar era um dos grandes momentos do dia. Os pratos atrás referidos eram geralmente acompanhados de pão caseiro, azeitonas, enchidos do ano anterior e bem regados com o vinho de produção familiar. Enquanto a família comia, bebia e passava a noite a conversar, o porco continuava pendurado.
No dia seguinte, havia muito pouco que não se aproveitasse do animal! A cabeça, cortada ao meio e esfolada, era depois transferida para a salgadeira. As espadas eram salgadas ou desmanchadas para os chouriços de carne. Os ossos, não totalmente desprovidos de carne, juntavam-se às restantes partes na salgadeira. E os presuntos eram aparados e mantidos em sal cerca de 40 a 60 dias.
A Matança do Porco sempre foi essencial para o reforço dos laços familiares e de vizinhança e um bom pretexto para o convívio. Apesar da intensa e frenética componente laboral, a Matança do Porco revestia-se também de dádiva e reciprocidade, visto que o proprietário do animal geralmente oferecia, para além das refeições ao longo da actividade, algumas peças de carne ou ajuda aos convidados.
No entanto, esta tradição perde-se nos tempos e nas novas exigências europeias, que cada vez mais nos empurram para o automatismo do viver a vida segundo as regras por outros implantados. É de lamentar, pois à medida que se perde a tradição, perdem-se os laços que por ela eram criados e reforçados. Seria louvável e do interesse comum que, à semelhança de outras freguesias, a Vila do Paul (sob a insígnia da Junta de Freguesia ou de outra qualquer instituição paulense) apostasse na realização de uma Matança (sem interesses económicos) aberta à comunidade, de modo a preservar, valorizar e dar a conhecer esta valiosa tradição e, claro, promover os laços sociais e o convívio entre a população paulense!