08 março 2008

Doutores a mais

Os doutores das lojas
Licenciados em empregos de baixa qualificação
Em Portugal há cerca de 43 mil licenciados em empregos de baixa qualificação. Um número que tem vindo a aumentar. Na Covilhã, também alguns licenciados da UBI têm dificuldade em arranjar emprego. E depois agarram outras oportunidades para ganharem dinheiro. É nos hipermercados e nas lojas que mais encontramos estes doutores

Tem 30 anos. É licenciada da UBI, em sociologia. E faz parte do rol de 43 mil licenciados em Portugal que não trabalha na área em que se especializou, tendo que se empregar numa área em que não precisava de qualificação para ganhar a vida. Marisa (nome fictício) trabalha numa loja de decoração e artigos para o lar no Serra Shopping porque “estava cansada de não fazer nada e de esperar por projectos que nunca mais começavam”. E também porque, acima de tudo, “as contas não se pagam sozinhas”.

É este, em suma, o retrato de muitos dos licenciados que Portugal tem. Qualificados, têm que ingressar em empregos de baixa qualificação enquanto esperam por uma oportunidade para fazer aquilo que realmente gostavam de fazer. No País, em 2007, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), pelo menos 43 mil licenciados desempenhavam trabalhos de baixa qualificação ou não qualificados, como limpezas ou construção civil.

No ano passado, segundo os números do INE, cerca de sete mil e 200 pessoas com formação académica estavam empregados em actividades como vendas por telefone ou ao domicílio, limpezas, lavandaria e engomadoria, empregadas domésticas ou estafetas. Depois havia mais 35 mil e 800 licenciados em profissões como operadores de máquinas, pessoal de serviços e vendedores, seguranças ou empregados de loja, Marisa é uma delas. Um número que aumentou em relação a 2006, em mais de cinco mil pessoas.