01 novembro 2006

Um Paulense - José Marmelo e Silva


Um Paulense a descobrir por todos nós.

Afinal de contas o Paul também tem "gente ilustre". Após alguma pesquisa descobri que a Srª Glória, do Café Central, é irmã deste escritor.

José Antunes Marmelo e Silva nasceu a 7 de Maio de 1911 em Paul, Beira Baixa.

Estudou no Seminário do Fundão e em escolas secundárias de Covilhã e de Castelo Branco. Frequentou a Universidade de Coimbra mas, devido à publicação de Sedução, teve de concluir a licenciatura (em Filologia Clássica) na Faculdade de Letras de Lisboa onde apresentou uma tese sobre Virgílio � Um sonho de paz bimilenário: a poesia de Virgílio. Colaborou no semanário lisboeta O Diabo, com o pseudónimo Eduardo Moreno, e na revista presença, de Coimbra, cidade em que conviveu com o grupo neo-realista. Prestou serviço militar em Mafra e na Madeira. Fixou residência em Espinho (onde leccionou na Escola Secundária) até à data da sua morte, em 11 de Outubro de 1991. Foi agraciado, em 1987, com a medalha de ouro da cidade de Espinho. Com o grau de Comendador da Ordem de Mérito, foi condecorado pelo então Presidente da República, Dr. Mário Soares, em 1988.
Outras ligações sobre o autor:

José Marmelo e Silva novelista: 50 anos depois
OBRAS:

O Homem que Abjurou a Sociedade � Crónicas do Amor e do Tempo, O Raio, 1932 (Renegado).
Sedução, 1� edição, Coimbra, Livraria Portugália, 1937; 2� edição, Porto, Portugália, 1948; 3� edição, Lisboa, Estúdios Cor, 1960; 4� edição, Lisboa, Editora Ulisseia, 1972, ("com um ensaio histórico-analítico "de Arnaldo Saraiva); 5� edição, Lisboa, Editorial Caminho, 1989 (com um ensaio de Arnaldo Saraiva publicado a primeira vez na 4� edição).

Depoimento, 1� edição, "Presença", n�. 1, série II, Novembro de 1939; 2� edição, in Os Melhores Contos Portugueses, Porto, Portugália; 3�edição, in O Sonho e a Aventura, Coimbra, Atlântida, 1943; 4� Edição, Lisboa, Col. Mosaico, s.d. 5� edição, in Os Mais Belos Contos de Amor da Literatura Portuguesa, 1967
O Sonho e a Aventura, 1� edição, Coimbra, Atlântida, 1943, (contos Narrativa Bárbara, Depoimento, O Conto de João Baião); 2� edição, Lisboa, Editora Ulisseia, 1965, (contos Narrativa Bárbara, Depoimento, Ladrão!)
Adolescente, 1� edição, Coimbra, Portugália, 1948; Adolescente Agrilhoado 2�. Edição (acrescentada), Lisboa, Arcádia 1958; 3� edição, Lisboa, Editora Ulisseia, 1967; 4� edição, Lisboa, Editorial Caminho, 1986, (com prefácio de Maria Alzira Seixo) � retirada do mercado; 4�/5� edição, Lisboa , Editorial Caminho, 1986.
O Ser e o Ter seguido de Anquilose, Lisboa, Editorial Ulisseia, 1968 (a primeira versão de O Ser e o Ter é O Conto de João Baião).
O Ser e o Ter, Lisboa, Editora Ulisseia, 1973
Anquilose, Lisboa, Editora Ulisseia, 1971
Desnudez Uivante, Porto, Limiar, 1983

PROGRAMAS NA RTP SOBRE JOSÉ MARMELO E SILVA:
"O Livro à Procura do Leitor", de Manuel Poppe, 22 de Fevereiro de 1972; "A Ideia e a Imagem", de Álvaro Manuel Machado, 27 de Junho de 1978; "O Homem é um Mundo", texto de Rogério Rodrigues, realização de Leonel Brito.

JOSÉ MARMELO E SILVA O LIBERTADOR DO AMOR
Urbano Tavares Rodrigues
Com o mesmo projecto político dos escritores neo-realistas, que inicialmente acompanhou, José Marmelo e Silva foi, entre eles, desde Sedução, novela publicada no final dos anos trinta, uma irrefreável afirmação de subjectividade. É a força do desejo, filtrada pelas palavras, a par da observação aguda e inclemente do meio, que lhe permite estruturar personagens que ainda hoje comunicam com o leitor e nele se concretizam, se prolongam.
O gineceu conimbricence transposto para a aldeia vibra de uma sensualidade reprimida, que se atraiçoa na atmosfera hipócrita do apogeu fascista, o início da Guerra de Espanha. Eduardo é o jovem fauno castrado pelo irmão, sôfrego do prazer que à sua volta, rodeado de mulheres, não encontra.
E novamente o desejo, a tentação, o despertar do desejo, palpita nas páginas tão belas de Adolescente Agrilhoado, o grande, o insuportável romance da adolescência da década de quarenta em Portugal, obra sensível onde se nos mostra já com um certo toque mágico e mítico, o mundo áspero dos pobres e o seu trabalho, as suas superstições, febres, amarguras do crescer no seio da família e do microcosmo rural. Os caminhos que se abrem e se fecham para um jovem intelectual de origem camponesa.
A libertação do sexo processa-se na narrativa que paradoxalmente se chama Anquilose e que é de explosão, irónico, cáustico e ao mesmo tempo triunfal, um texto que nos dá conta de amores vários, vividos em euforia, em exaltação juvenil, e que se torna sátira social e política e seria mesmo panfleto revolucionário se o humor permanente, ao nível do acontecer e ao nível da escrita, não corrigisse o entusiasmo, a vibração com que por vezes os ideais socialistas neles se expressam.
O Ser e o Ter, O Sonho e a Aventura, Desnudez Uivante, onde o hiper-realismo quase toca o fantástico, são noutros cenários, noutros tempos, exemplos do mesmo acto de escrever, do mesmo cântico à via, ao amor e à esperança.
In Letras & Letras, 5/3/89
O SAGRADO E O CÓSMICO
Baptista-Bastos
Sedução tem meio século. Releio (quantas vezes reli?) essa ficção pausada e lenta, terna e amena, áspera e dilacerante que José Marmelo e Silva redigiu (compôs), e que deixou de lhe pertencer em sistema de exclusividade porque faz parte do território colectivo (selectivo) onde se ordenam as grandes obras-primas da literatura portuguesa de sempre.
Obra-prima, repito. Porque convida a aprender a universalidade da alegoria, para além da diversidade das alegorias. Porque é a obra de um autor; e um autor é sempre alguém que possui uma voz própria, inimitável, que não deixa discípulos e só lega situações epigonais; porque tange em sentimentos e situações extremas conservando um intenso respeito e uma profunda discrição; porque a estrutura verbal de que se serve teria de ser, necessariamente, aquela � nunca outra.
A obra deste escritor discreto, relator ficto do corpo, o corpo entendido como liberdade ou como experiência do sagrado � obra deste escritor maior possui algo de religioso, de valores e de implicações cósmicas, e nela avulta esse profunda relação causal entre a matriz e o crescimento, entre amor e morte, entre Eros e Thanatos. As analogias existentes entre o acto de escrever e a humilde coragem de publicar reverte� -nos para a exploração (para a interpretação e para a leitura) de que a obra-de-arte (esta obra-de-arte) pretende a incorporação no divino. Nada, em Sedução; nada em O Adolescente Agrilhoado, por exemplo, nos pode levar a afirmar que o seu autor acredita em seres antropomórficos, em deuses. Mas tudo nos leva a crer que José Marmelo e Silva admite o território do sagrado, as áreas do mito, os distritos onde se antagonizam céu e inferno. Todavia, mesmo aí, José Marmelo e Silva manifesta um reiterado pudor. O pudor que implica a rejeição da linguagem denotativa, afirmativa, exclamativa e peremptória. O sentido transitório da existência conduz-nos à reflexão sobre a transcendência. Se, como pretendia Artaud, quando se escreve refazemo-nos, para nos desfazer, José Marmelo e Silva escreve para atingir a consciência do infinito, do absoluto � metas privilegiadas de todo o grande autor.
Respeito, amo e admiro as novelas deste homem singular, até pela singularidade (raríssima entre nós) do seu propósito e do seu majestoso empreendimento literário. Um grande escritor, como José Marmelo e Silva, não é medível. Pode, talvez, ser mensurável, através da sua própria desmesura. E como nele não há excesso (excesso de palavras, excesso na composição, excesso nesse equilíbrio entre o antigo e o moderno) eis porque, sem estratégias de glória, sem tácticas imediatas, e precárias porque efémeras, de marquetingue � eis porque é um clássico e, a um tempo, um contemporâneo.
In O Diário, 23/5/87
REFERÊNCIAS CRÍTICAS À OBRA DE JOSÉ MARMELO E SILVA
Sedução decorre num ambiente misto de realidade fortemente expressa em dedadas brutais que desnudam, e de irrealidade, daquela irrealidade com que se oferece o desenvolvimento de certas obsessões que parecem aspirar toda a demais experiência, fazê-la participar da obsessão. E há depois o originalíssimo estilo em que uma constante ironia impede, corta, destrói as insinuações sentimentais. A conjunção destas qualidades dá à novela um sabor muito original e uma densidade que é precisamente o mais invulgar em novelas portuguesas, que pecam, quase sempre, por uma unilateralidade, por uma pobreza de meios de expressão, que não são do que menos contribui para a falta de interesse que despertam.
Adolfo Casais Monteiro
Se Fialho de Almeida era erótico, era-o entes de mais em função da avalancha verbal, que o impedia de uma visão social lúcida. Se Teixeira Gomes era erótico, o seu erotismo ficou empequenecido pelo rigor miniatural da sua prosa, que se compraz no apontamento mundano, na fantasia memorialística. Já Marmelo e Silva, com ser erótico, é fundamentalmente socialista e as personagens das suas novelas, nomeadamente de Sedução, desdobram-se em todas as dimensões humanas, nascidas de um estilo terso e inconsútil, sempre dominado.
Álvaro Manuel Machado
Wilhelm Reich, que criou a célebre associação S.E.X.P.O.L em 1939, dois anos depois da publicação de Sedução, teria sem dúvida gostado de ler esta novela de Marmelo e Silva. E se nos fins da década de trinta surgiu em Portugal um movimento literário neo-realista, e se esse movimento quis levar conscientemente, expressamente, a literatura para fora dela mesma, então teremos que considerar Sedução como a primeira obra autêntica ( e de qualidade) incorporável nesse movimento. Justamente por aquilo que terá levado alguns a excluí-la (para lá, bem entendido, das batalhas pela camisola amarela): a descrição (e subtileza) com que a realidade social nela é nomeada, que é também garantia da força anti-demagógica com que ela é sugerida, e desvelada nas suas máscaras psicológicas e sexuais.
Arnaldo Saraiva
Ainda hoje, não obstante todos os anos decorridos, Sedução continua a ser um livro de combate, um livro indisciplinador. Não pela escabrosidade do tema � aliás tratado com uma delicadeza e uma finura inexcedíveis, quando tão fácil (e tão comercial...) era ceder à tentação do obsceno -, mas pelo carácter insólito da análise, que progride por pequenas deslocações laterais, por iluminação de planos sucessivos, e não, como é corrente, por um mergulho vertical, pela sobrecarga de minúcias psicológicas que, habitualmente, fazem da personagem literária um monstro, inviável fora das páginas do livro. E o estilo? O maior bem que dele se pode dizer é que outro não serviria melhor o Autor. Ao mesmo tempo usual e castigada, a sua linguagem parece ter sido decantada de maneira algo bizarra: aceitando muito do que se exclui, excluindo muito do que se aceita, o resultado final é um estilo que não tem similar em Portugal.
José Saramago
Não é assim por acaso, mas a poder de mestria, contenção, alternância de planos, insurreição e recriação mítica, identificação do tema com a experiência, integração do saber herdado no plano temporal duma estética em devir, adequação da obra criada nos limites intuídos e consciencializados do autor, que Adolescente Agrilhoado é não só uma das obras-primas da nossa literatura, mas o mais belo romance da adolescência que até agora se escreveu entre nós.
Mário Sacramento
O autor de Sedução, O Sonho e a Aventura e Adolescente Agrilhoado é um ímpar na corrente neo-realista, pois representa o pólo (ou o contaste) psicologista da mesma, ou seja, pôs o acento tónico na reacção individual às estruturas sociais mais do que levantou o inventário "objectivo "das mesmas. Essa singularidade aumenta o seu valor histórico, se bem que terá determinado um conflito latente, oculto, entre Marmelo e Silva e a sua geração.
Também pelo cuidado, o entusiasmo, com que trabalhou a prosa, afeiçoando-a ao intimismo que tomou por objectivo detectar, Marmelo e Silva se distinguiu com vantagem da maioria dos escritores da sua geração, sendo daqueles �ao lado de um Manuel da Fonseca e um Carlos de Oliveira � que mais se preocupam com a qualidade da escrita.
Nuno Teixeira Neves
Verdadeiro esteta, não se embriaga contudo com o maravilhoso das palavras. Por detrás de cada frase está presente o escritor lúcido, o homem atento ao mundo que o rodeia, o contador excelente de histórias sabendo perfeitamente a grandeza e a função daquilo que se conta. E isto torna, talvez, José Marmelo e Silva um escritor ímpar entre nós. Não conheço, com efeito, quem tenha sabido unir de forma tão perfeita o estilo e a temática.

11 Rebolos:

PTT disse...

Excelente intervenção. Plena de oportunismo.

Apesar de já ter ouvido falar, desconheço por completo a sua vasta obra, contudo e após consultar várias fontes estou extremamente surpreendido e pela positiva, por o Paul ter entre as suas “gentes”, tão digno e ilustre Paulense.

Faz exactamente este ano 25 anos sobre a sua morte e dentro de 5 anos 100 do seu nascimento.

Se a cidade de Espinho o soube agradecer com a Medalha de Ouro da Cidade e a Presidência da Republica o nomeou Comendador sou obrigado a ponderar o seguinte:

Que outras nomeações, obras, contributo literário ou cultural devia ter tido para merecer uma digna homenagem na sua terra natal e ainda com a presença de irmãos vivos, o nome numa Rua, uma placa relembrando ou outra demonstração de prestígio a tão nobre Paulense.

Cultura não é só folclore, bombos e afins. Na minha opinião as Associações culturais mais representativas, a comunidade escolar, a Junta de Freguesia ou outrem devia ponderar uma manifestação cultural, que poderia ter uma exposição fotográfica, documental com palestras etc,etc.. enfim cultura literária.

Vamos elevar o nível de debate do blog e talvez surpreender-nos com qualquer iniciativa que possa surgir.

Por menos já se evocaram e comemoraram os 25 anos de… e temos muito tempo para o seu Centenario do nascimento.

Um abraço Paulense

2/11/06 19:43
Anónimo disse...

Há na realidade diversas personalidades, que senda nadas na nossa terra, organizaram a sua vida e vivência fora dela, criaram raìzes noutros locais.
Têm ou tiveram sucesso, ao nível empresarial, intelectual ou profissional.
Mas esqueceram-se do Paúl.
Podiam e deviam dar mais á terra que os viu nascer e á gente humilde que os ajudou a criar, essa sim a "Gente ilustre" do Paúl.

2/11/06 23:56
PTT disse...

Creio que está (a.garret) a generalizar a questão.

O meu comentário refere-se só e apenas ao escritor em questão. Como disse inclusive desconhecia a sua obra literária, nem tão pouco o seu muito ou pouco contributo para com o Paul.

Tecer comentários em termos de Paul de uma pessoa que não conheci e que viveu numa época, a qual eu acho que deve ter sido complicada, nada mais posso complementar.

Porem o seu legado literário nacional, este não o pode esquecer.

Quanto as outras personalidades, que deviam e podiam dar mais a questão é pertinente porem não deve esquecer que ao bom “leme” do Paul " há muito quem não faça, não queira fazer e não deixa fazer" e por vezes devido a tanto "serrote" quem podia não esta minimamente interessado para não se aborrecer.

Talvez concorde com o ditado “cada um têm o que semeia”.

Um abraço Paulense

3/11/06 09:29
carlospuebla disse...

o a.Garret nunca leu nada de José Marmelo e Silva(JSM), deduzo eu pela afirmação que faz.Poderei concordar com a sua afirmação "generalista" de que muitos(?) nada deram ao Paul. Contudo,incluir aqui JMS, é de uma injustiça de todo o tamanho.
Afinal de contas quantos Paulenses com sucesso fora do Paul, enalteceram o Paul? Quantos falaram da vida dos Paulenses e lhe deram corpo na literatura nacional? Quantos? Quantos registaram a vida (romanceada, é de bom entendedor e de leitor) do jovem paulense "agrilhoado" nos preconceitos do meio rural, da sexualidade dos jovens da aldeia,do mineiro, do moleiro, do agricultor, do tecelão e do ferreiro?
Quantos olharam para a sociedade do seu tempo e não se limitaram a falar das "trutas e canadas" sem qualquer qualidade literária por pares (de renome) reconhecida?
Ler JMS é conhecer o Paul,as suas contradições,problemas, dilemas e aspirações de uma juventude e de uma sociedade em mudança.
Por aqui me fico.
Quem quiser falar de JMS deve ler a sua obra.
Luis de Camões (salvaguardando óbvias dimensões e comparações a que não me atrevo)não deixou obra fisica, nem riquezas para os seus
descendentes e seus vizinhos de bairro ou de aldeia ou cidade,falou (à sua maneira) dos anseios, desgraças e dilemas do seu povo. O Povo Português.
Vamos dar valor ao que temos. E JMS é um Paulense, um beirão, que queremos ver valorizado e reconhecido em Espinho (o que também nos deve dar orgulho) desde que não se esqueçam que foi o Paul e a sua gente que o formou e que a sua obra é pertença do nosso povo.O Povo do Paul.

7/11/06 02:01
carlospuebla disse...

Por último a. Garret afirma que:
"Há na realidade diversas personalidades, que senda nadas na nossa terra, organizaram a sua vida e vivência fora dela, criaram raizes noutros locais".

Que grande afirmação!

De um verdadeiro democrata, humanista e sociólogo ou quiçá antropólogo.

Personalidades que sendo nada na nossa terra ?

Afinal de contas tinham valor!

Afinal de contas tinham capacidade!

Afinal de contas provaram que eram capazes de se transformarem em "personalidades"!

Afinal de contas quem é alguma coisa no Paul para não se inserir no grupo dos que "não sendo nada"?

Para não se inserir no grupo dos trabalhadores sazonais em Torres Novas (gaibéus ou ratinhos da beira como eram denominados pelos ribatejanos), que também aí se fixaram?

Ou no grupo que rumou e se fixou em Lisboa durante e após o trabalho na "estiva" (carga e descarga de navios)?

Ou no vasto grupo de emigrantes na Argentina, França e Suiça?

Quem é que do Paul,sendo alguma coisa,deixou obra feita,hoje propriedade do povo?

7/11/06 02:19
Anónimo disse...

Oh! Carlospuebla, a tua fome de discurso, não te deixa ler e entender correctamente as outras opiniões.
Penso que o A.Garret ao dizer "Sendo nada" quer dizer "ter nascido".
È verdade que JMS, assim como outros são desconhecidos para a maioria da gente do Paúl.
Mas como somos ignorantes e incultos, nós somos culpados por não conhecer todos os "Paúlenses ilustres".

7/11/06 10:11
Anónimo disse...

Não estou de acordo com o A.Garret, que seria do Paúl, em termos culturais, sociais e económicos se não fosse a nossa "Gente ilustre".
Não me lembro de nenhum!! mas sei que há muitos.

7/11/06 18:53
carlospuebla disse...

Obrigado f. garret, porque na defesa de a.garret, ensinas algo de novo, a saber:Pensas que A. Garret ao dizer "sendo nada" quer dizer "ter nascido".Consegues encontrar semelhanças? Como é possível deduzir tal coisa?. Quando se lê o que o outro escreve temos que analisar o que se escreveu e não deduzir que o autor não escreveu o que pensou, ou seja, pensou uma coisa e escreveu outra coisa. Deduz-se, também, que o gesto/o movimento/a escrita não correspondeu ao pensamento.O ensinamento (?) encontra-se no facto de que basta pensar o que o outro quería dizer (mas que não disse)e afirmar o que o outro devería ter dito (mas não disse).Vale mais, nestas situações, admitir o erro do que caír em altíssimas contradições.

7/11/06 22:34
carlospuebla disse...

Sr.prof. è evidente que todo aquele que nasce num determinado ambiente é influenciado, em termos comportamentais e sociais pelo meio físico e pelo meio social. Pela "gente ilustre" que, afinal,não se lembra, infelizmente, mas que se encontra à sua volta. Se olhar melhor verá o operário de lanifícios,o pequeno comerciante, o funcionário público, o reformado (lavrador), o agiota, o oportunista,o estudante,o político, o carreirista,o drogado,a operária de confecção,o agricultor, etc, etc. É esta massa humana, com as suas virtudes e defeitos que nos vão formando.É, de facto, a nossa "gente ilustre". É o povo, bastas vezes esquecido.Porém, existem aqueles que conseguem salientar-se porque criaram algo de novo.Acrescentaram algo à técnica, ao conhecimento humano e (porque não?) acrescentaram, em termos materialistas, mais riqueza para a família ou para esta ou aquela instituição.É do seio da "gente ilustre", do povo,que nascem personalidades fortes, criativas que contribuêm para o desenvolvimento e bem estar de todos nós.
Desculpa, f. garret,mas esta fome de discurso.... faz-me pensar, refletir e a partilhar convosco,com todo o prazer, o meu caderno diário.

7/11/06 22:53
Anónimo disse...

Peço desculpa pelo erro ortográfico onde está "senda nadas" devia estar "sendo nados"

8/11/06 10:02
PTT disse...

A frase “Há na realidade diversas personalidades, que senda nadas na nossa terra, organizaram a sua vida e vivência fora dela, criaram raízes noutros locais”, só tem duas leituras possíveis devido ao erro de escrita:
1. “Há na realidade diversas personalidades, que “sendo natas “ (nascidas) na nossa terra, organizaram a sua vida e vivência fora dela, criaram raízes noutros locais”
2. “Há na realidade diversas personalidades, que “sendo nadas” (gente comum) na nossa terra, organizaram a sua vida e vivência fora dela, criaram raízes noutros locais”

Creio que em ambos os casos é motivo de orgulho para o Paul pois se num caso nasceu e segundo a sua bibliografia estudou quer no Fundão, Covilhã e Coimbra, como muitos seguiram este trajecto ate se licenciarem e ainda hoje o fazem, no caso de ser gente comum é motivo de orgulho pois soube subir os difíceis degraus da vida e acabou por ser homenageado quer com a medalha em Espinho, quer com a Comenda dada pela Presidência da Republica.

Quanto a medalha apenas conheço a mesma menção honrosa dada pela C M Covilhã para distinguir o Centro de Nossa Senhora das Dores. Quanto ao título de Comendador desconheço outro que possa ser existir.

Contudo e tendo em consideração o espírito literário do nickname (sem qualquer desprestigio ou segunda intenção (“garret” escritor e “prof.” grau académico) é pena que se esteja a perder tempo com “tricas e dicas” e não se promova a obra literária e se dê a conhecer a pessoa que sendo nata e nada do Paul, é quer queiram quer não uma referencia.

A escola e o círculo literário do mesmo deveriam promover uma iniciativa que promovesse e desse a conhecer aos Paulenses esta personalidade. Esta iniciativa servia ainda para aproximar a comunidade e a escola. É uma ideia.

Um abraço

PS. Do dicionário Infópedia/ Porto Editora

Nato
Adjectivo
1. Nascido;
2. Que nasceu com a pessoa; natural; congénito;
3. Por nascimento ou por inclinação natural; inerente;
(Do lat. natu-, «id.», part. pass. de nasci, «nascer»)
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8/11/06 10:31