21 dezembro 2007

Detesto ter Razão


“Eles comem tudo e não deixam nada”
Centros comerciais em crescimento na Beira Interior
Onde vai comprar neste Natal? A pergunta é feita, vezes sem conta, neste período de grande consumismo, num País em que os “hipers” e os “shoppings” estão em força. Quem se queixa são os pequenos comerciantes que, dizem, têm os dias contados. A Beira Interior não escapa à tendência nacional: existem já imensas grandes superfícies comerciais. E mais algumas vão nascer, para o ano, na Covilhã e Guarda
“Eles comem tudo, eles comem tudo e não deixam nada”. A célebre frase da música de Zeca Afonso resume bem o sentimento dos pequenos comerciantes, na Beira Interior, quando confrontados com mais o nascimento de uma grande superfície na região. “Mais um hipermercado? Mais vale fechar já” desanima António Mendes, comerciante, que na região gere uma pequena mercearia que já herdou do seu sogro, na altura em que ainda se vendia petróleo ao litro dentro destes estabelecimentos comerciais. Os tempos hoje mudaram, e já nada disso acontece. O “Tó”, como o conhecem os vizinhos mais chegados, vai lutando para se modernizar para fazer face à concorrência que o tem afectado cada vez mais nos últimos anos. Tem tudo arrumadinho nas prateleiras, não deixa de por na vitrine algumas cartolinas fluorescentes com apelos às promoções que tem na loja, até já comprou uns cestinhos para que os clientes não andem com os produtos na mão, mas diz que o esforço nesta modernização “não compensa”. “Ainda por cima, há quem venha cá, leva as coisas e fica a dever, pagando sabe-se lá quando. Mas quando vão aos hipers não passam na caixa sem pagar. E vão lá quase todos os fins-de-semana” acusa.
É Natal e o “Tó” até enfeitou a sua loja com uma decoração natalícia em que não falta o presépio e o Menino Jesus. “Pode ser que cá deixem uma esmolinha. Que venham cá comprar alguma coisita, que isto, no Natal, é só vê-los chegarem a casa com grandes embrulhos que trouxeram dos shoppings” lamenta-se o comerciante.
Em Portugal, o “boom” dos grandes centros comerciais não pára. Este ano, no País, abriram 11 centros comerciais. Em 2008, serão mais 14. E até 2010, se os projectos que estão nas respectivas direcções regionais de Economia forem aprovados, estarão projectados 90 novos shoppings de Norte a Sul do País. Um número surpreendente, que está contudo sujeito a alguns chumbos, mas que, apesar de tudo revela bem o ritmo alucinante como estas superfícies tem crescido no País. E a Beira Interior não é excepção. Todo este vasto território atravessado pela A23 alberga mais de 20 grandes superfícies, de cadeias como o Continente, Modelo, Lidl, Intermarché, Jumbo, Pingo Doce, sem contar com outros supermercados mais pequenos, como a cadeia Mini-Preço, que muita concorrência têm feito a um pequeno comércio que, há 10 anos atrás, não estava preparado para este fenómeno. in Noticias da Covilhã

Nota: Em postagem anteriores falamos do que iria acontecer. Com mais centros comerciais programados, as iniciativas na rua direita são um "rebuçado envenenado".
Saudações Paulenses