04 março 2008

Cadilhe Avisa


País "está em recessão económica grave"

Ex-ministro das Finanças e economista afirma que situação "começou em 1999 e aprofundou-se a partir de 2003" e Portugal deveria solicitar à Comissão Europeia "medidas de protecção especial". Miguel Cadilhe

O economista Miguel Cadilhe disse, hoje, em Braga que Portugal "está em recessão económica grave", situação que - afirma - começou em 1999 e se aprofundou a partir de 2003. Falando num colóquio na sede da Associação Industrial do Minho (AIMinho), o ex-ministro das Finanças disse que "o crescimento económico português tem-se mantido decepcionante" e defendeu mesmo que o país deveria solicitar à Comissão Europeia "medidas de protecção especial" para a sua economia, as clausulas de excepção previstas no Pacto de Estabilidade e Crescimento.

Cadilhe falava num colóquio sobre as perspectivas que se colocam à economia portuguesa e no qual participaram o banqueiro Artur Santos Silva e o presidente do organismo empresarial, António Marques. Para Miguel Cadilhe, "os políticos não gostam que se diga que há uma recessão grave e os eurocratas também não, mas a verdade é que uma economia que teve crescimento negativo em 2003 e mantém vários indicadores negativos desde então está nessa situação técnica".

Acrescentou que, apesar das recentes alterações feitas aos critérios do défice pela União Europeia, "Portugal mantém índices de produtividade muito baixos, um Estado macrocéfalo e centralizado e uma despesa pública exagerada, que deveria "descer pelo menos, 27 por cento". Miguel Cadilhe manifestou-se pessimista em relação ao futuro da economia nacional e defendeu a regionalização como sendo um das reformas que pode impulsionar a economia e uma melhor distribuição de recursos. "Em Abril de 1974 o Estado era macrocéfalo e ainda se mantém assim", lamentou.

O banqueiro Artur Santos Silva contrariou o "pessimismo" de Cadilhe, manifestando-se defensor das reformas do Estado e da descentralização, em detrimento da opção de criação de órgãos de governo regionalizados.

Nota: Um aviso a ter em consideração.