20 abril 2008

Poesia para os desinteressados

SOLIDARIEDADE


Vamos, dêem as mãos.

Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse medo, essa raiva?
Porquê essa imensa barreira
entre o Eu e o Nós na natural conjugação do verbo ser?

Vamos, dêem as mãos.

Para quê esses bons-dias, boas-noites,
se é um grunhido apenas e não uma saudação?
Para quê esse sorriso
se é um simples contrair de pele e nada mais?

Vamos, dêem as mãos.

Já que a nossa amargura é a mesma amargura,
já que a miséria para nós tem as mesmas sete letras,
já que o sangrar dos nossos corpos é o vergão da mesma chicotada,
fiquemos juntos,
sejamos juntos.
Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse medo, essa raiva?

Vamos, dêem as mãos.


Mário Dionísio



in www.cravodeabril.blogspot.com

7 Rebolos:

Anónimo disse...

Agora vêm com a poesia que pouco ou nada transmite.

Até parece que vivemos num mundo de poetaa, de líricos e outros que tais.

Vamos é avançar com ideias para a nossa terra.

O que está feito e o que falta fazer?

Como vamos dar resposta à saída de jovens e de mão de obra na nossa terra para a "estranja"?

Como desenvolver o trabalho ao nível cultural e desportivo?

Que respostas é que os serviços de educação e de saúde devem dar à população?

A Junta tem feito alguma coisa ou nada faz? Será que os membros da Junta de Freguesia estão presentes e activos ou cumprem tão só o dever de "estar" de "apoiar" iniciativas de outras instituições e nada dinamizam por iniciativa própria?

Será este o figurino de Junta de Freguesia que o Paul precisa?

Que alternativas existem?

Como construí-las?

Quem estará disponível para dar o "coiro" pela Freguesia?

Sugere-se ao PTT que ponha esta reflexão como POST.

21/4/08 01:37
Anónimo disse...

Atenção.

A poesia diz muito.Altero a opinião acima referida.O Mário refere-se à solidariedade tão afastada da nossa sociedade.

O que queria dizer é que não podemos ficar pela poesia. É necessário agir.

21/4/08 01:40
TrasDeSerra disse...

Nem que seja pelo facto de suscitar esta opinião, este post já valeu a pena. Encontro neste poema o que encontro neste burgo, e por isso o partilhei. Aqui estão alguns dos males que atrasam a nossa caminhada conjunta. E porque a acção concreta, organizada e objectiva só pode advir de uma reflexão crítica, este texto era necessário. Um espelho. Uma metáfora. A poesia também tem este dom, o de fazer perceber aos "desinteressados" que a sua opinião conta. E que podem fazer a diferença. Proponho ao estimado anónimo que responda às perguntas que formulou. E aí teremos um texto objectivo que nos servirá de base de discussão às perguntas que todos fazemos.

21/4/08 21:18
Anónimo disse...

Bolas. O TrasDeSerra quer tudo.

Eu já formulei as perguntas, coloquei as questões e agora queres as respostas?

Então, afinal qual é o teu contributo?

Pedir as respostas?

Queres o texto para servir à discussão?

Mas o texto pode ser construído sem prévias teses, nem sempre funciona assim. Se cada um der o seu contributo na resposta às questões formuladas podemos, partindo deste tipo de inquérito, construir um texto base.
Não concordas?

21/4/08 23:06
TrasDeSerra disse...

Eu não quero tudo. Alias, eu não quero nada. Quer-me parecer que é o caro anónimo que quer alguma coisa. O meu contributo vale por si a partir do momento em que é feito em consciência. E é, à partida, tão válido como qualquer outro.

O meu comentário anterior, alusivo à sua primeira ejaculação emotiva estimulada pela poesia, foi feito com o intuito de o incentivar, e de o fazer chegar mais além na sua capacidade crítica objectiva. E, no limite, à sua criatividade.

A questão não está apenas na interpretação da realidade, é certo, mas quatro comentários depois ficamos sem saber qual é a sua opinião sobre a resolução dos problemas concretos das perguntas que enuncia.

"E, interrogando intrépido o Destino,
Como réu o renega e o condena,
E, virando-se, fita em paz serena
O vácuo augusto, plácido e divino..."
Antero de Quental

23/4/08 19:47
Anónimo disse...

O TrasdeSerra é de uma erudicção de pasmar e de sublinhar.Acrescenta, de facto, alguma qualidade ao blog.

Utilizando a metalinguagem e a técnica sofista vai argumentando sem nada dizer em concreto.

A questão não está na criatividade, neste momento, mas sim na leitura da realidade objectiva em que vivemos.Após análise de uma realidade vivida podemos ejacular algumas conclusões.
E quais são face à realidade concreta?

A existência de dinâmica social e a inexistência de actividade institucional, nomeadamente da Junta de Freguesia.

Esta limita-se "a colar-se" às iniciativas e dinâmica das colectividades locais.

Existem obras abandonadas (falta de manutenção e de dinamização), ideias lançadas ao vento que não têm exequibilidade e uma falta completa de capacidade de ouvir os outros ou de, quando se houve, de os orientar para a resolução dos problemas.

É tempo de se confrontarem promessas com realidades. É tempo de se avaliar o quanto o Paul avançou ou não nos últimos três anos desta gestão autárquica.

O TrasdeSerra quer partilhar esta reflexão?

28/4/08 01:11
Anónimo disse...

Falar e dizer as coisas com frases e palavras simples e que todos entendam, é muito complicado para aqueles que se julgam "cultos" e bons escribas.
Pura vaidade apenas!
Será que sabem do que falam?

28/4/08 09:24