03 agosto 2007
Crimes Dentro da PJ
Um dossier explosivo, destinado à Procuradoria-Geral da República e a que o CM teve acesso, descreve práticas ilegais e dezenas de crimes cometidos por responsáveis no combate ao tráfico de droga da Polícia Judiciária ao longo dos anos.
"Denúncias concretas de corrupção, utilização de agentes provocadores nas operações encobertas, pagamentos em droga aos informadores, apropriação de dinheiro do tráfico e droga vendida a traficantes.
A quantidade exacta de cada apreensão “não é pública”, pode ler-se na denúncia, “pois [nomes concretos] declaram sempre uma quantidade menor e a diferença é vendida em Madrid por um agente infiltrado, ‘X’. Após a venda, o dinheiro da droga é distribuído por (...)”, todos eles elementos da Direcção Central de Investigação ao Tráfico de Estupefacientes (DCITE).
O autor da denúncia, que diz ser “inspector da DCITE”, nomeia e acusa 27 colegas por corrupção e envolvimento no tráfico e identifica as 27 embarcações que fazem transporte de droga na costa, com conivência da PJ.
Os agentes infiltrados nomeados são 28, detidos, indiciados ou ex-condenados. E entre eles estão Y. e Z., velhos conhecidos da PJ e referenciados durante anos como dois dos maiores traficantes da Península Ibérica. Z. foi recentemente absolvido num processo e, disse ao CM o seu advogado, já está em Espanha, “de férias e a tratar dos seus negócios”.
Um mandado de captura internacional levou a PJ, em finais de Novembro de 2004, à detenção de um célebre traficante conhecido por H.. Andava fugido e tinha mais de 30 anos de cadeia para cumprir em Espanha. Estava no Estabelecimento Prisional da PJ quando, dias depois, foi chamado à DCITE. E os dois responsáveis (...) propuseram-lhe “dar serviços de droga em troca de não ser extraditado”.
H. aceitou e, no início do ano seguinte, deu à PJ o primeiro serviço, “heroína enterrada em terrenos baldios” no Estoril, Margem Sul e Alentejo (data e locais precisos). “Só que, dos 60 quilos de droga apanhados, apenas 51 foram apresentados à Comunicação Social, tendo os nove quilos sido vendidos através do inspector-chefe (...). O dinheiro foi para os meus colegas que conduziam o processo”.
H. passou então a sair da cadeia às 10h00, sendo entregue pela PJ à noite ou até no dia seguinte, “como comprovam as senhas de saída e entrada dos reclusos”. Saiu da cadeia no Verão (a data é precisa) de 2005, “com senha assinada pelo inspector (...), mas nunca mais voltou”.
H. consta da lista da cadeia (cela identificada) como estando em prisão preventiva, “o que não é verdade”. No extenso relatório, 78 páginas, é referido em dezenas de casos concretos por tráfico e roubos, “corrompendo agentes da PJ com dinheiro e ouro”.
Y. acusa o inspector (..) de pôr à venda “parte da mercadoria” para pagar informadoress e barcos de milhares de contos. Foi até Marrocos buscar “cinco toneladas de haxixe a mando da PJ, em 1993, e só era depois preciso arranjar alguém para se dar à morte. A PJ, através de infiltrados, comprou um camião e abandonou a droga lá dentro, numa estrada no Alentejo”.
O carregamento foi encontrado pela GNR, mas “só lá estavam quatro toneladas e meia”. E 500 quilos terão sido postos à venda pelo outro infiltrado, “com o conhecimento da polícia”. Y. questionou o inspector, que o terá mandado “estar calado”.
O mesmo inspector e outro responsável da DCITE terão sido alvo de um inquérito por tráfico e associação criminosa. O primeiro, “considerado um super-inspector da PJ”, já reformado, “fabricava apreensões e despistava a GNR – conseguía fazer passar carregamentos por outros sítios com os seus homens”.
O pior foi no Verão de 92, quando uma troca de tiros com a Brigada Fiscal de (...), Alentejo, “obrigou inspectores da PJ a dominar os militares, no chão e com as armas apontadas à cabeça, enquanto a descarga da droga prosseguía”. Tudo às ordens do “super-inspector”. Y. era útil ao “super-inspector” em transportes desde Marrocos. Descreve barcos de borracha com que se fez rio acima pelos canais, horas de desembarque e as carrinhas em que inspectores (...) o esperavam na zona de Setúbal"... in Correio da Manhã
Será Possível??? Em quem se poderá confiar???
Saudações Paulenses
1 Rebolos:
9º Concurso Regional, e 6º Nacional, de Petanca, na Vila do Ferro. Passem por: http://cpferro.blogspot.com/
5/8/07 18:30Venham participar, ou simplesmente assistir, neste Jogo Tradicional Francês.
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